As revistas que ajudam pessoas sem casa e sem emprego na Argentina e no Brasil

Jornalismo poder ser útil e cidadão em qualquer parte do mundo!

A revista Hecho en Bs As (HBA) é distribuída na Capital Federal e na cidade de La Plata (Argentina). Um importante diferencail de outras revistas impressas é que a HBA é um projeto de inclusão social e econômica, que ajuda famílias em situação de vulnerabilidade, sendo vendida nas ruas exclusivamente por pessoas excluídas, sem trabalho ou oportunidades de renda e ocupação. Todos os vendedores e vendedoras assumem um código de conduta e portam credenciais para identificacão.

Capa de uma edição da Hecho en Bs As

Em Buenos Aires (capital argentina), os vendedores e vendedoras são vistos nos Centros Culturais, entradas de cines, teatros, edifícios de grande circulação, microcentro, metrôs e nas grandes avenidas. Em La Plata, eles podem ser encontrados nas faculdades e centros culturais.

Nos seus 23 anos de existência, a revista acompanhou e conseguiu dar às pessoas vulneráveis ​​da cidade de Buenos Aires uma oportunidade de trabalho digno.

É o exemplo do jornalista Fernándo Espósito, que foi beneficiário do projeto.
Ele estudou em uma enfermaria de hospital com as mesmas anotações que usava como travesseiro porque era morador de rua. E mesmo tendo sido condenado ao ostracismo na faculdade porque “cheirava mal” e o faziam sentir isso em todas as aulas, ele conseguiu se formar em Comunicação Social.

Fernándo não o conseguiu apenas com a sua força de vontade, mas com a ajuda da gente da Hecho en Buenos Aires, revista da qual decidiu ser vendedor e que o acolheu assim que soube da existência desta opção.

Assim, se no seu percurso turístico, encontrar algum desses projetos, apóie de coração aberto. muito bom quando uma atividade sócio-cultural como o turismo possa se envolver com a inclusão social!

revista hecho en buenos aires

Saindo das Ruas com dignidade!

Recordo o momento em que um amigo portenho me apresentou um impresso pra lá de singular, enquanto caminhávamos pelas ruas de Buenos Aires. Fiquei surpreendida e até um pouco emocionada! A Hecho en Bs. As. – uma revista muito diferente, editada por uma empresa social, que oferece oportunidade de inserção social a pessoas desempregadas, excluídas, moradores de rua, muitos sem acesso a educação e outros direitos básicos.

Mais interessante ainda é que eu já tinha ouvido falar de um projeto similiar, no Brasil, como um elogiável exemplo de solidariedade e empreendedorismo social na prática e dando certo!

A revista Hecho en Bs.As. (Feita em Buenos Aires, em português) é feita por jornalistas comprometidos com a causa social de mudar o mundo pra melhor e também pelos beneficiados, que fazem a venda direta e recebem a maior parte do valor do impresso.

Patricia Merkin – Hecho en Buenos Aires construindo cidadania e dignidade

Foi criada, em 2000, pela tradutora de inglês, Patricia Merkin, fundadora e editora da revista e da empresa social, falecida em agosto de 2020. A Argentina, naquela época, vivenciava uma grande crise econômica argentina, marcada por grande inflação, impeachment, renúncias de presidentes e grandes protestos (penalaços) de classes populares em várias cidades das províncias.  

“Patricia Merkin, através de sua aventura, escreveu uma página da história argentina, tornou visíveis os corpos e subjetividades da exclusão (além disso, o HBA faz parte do censo popular de pessoas em situação de rua), é testemunho de outra jornalismo possível e memória das revistas de papel.” (Página 12)

A revista é parte de um movimento mundial chamado Red internacional de Publicaciones de la Calle (INSP), que conta com cerca de 90 revistas em todo o mundo oferecendo alternativa à exclusão sócio- econômica e cultural. Atualmente, também faz parte da International New Street Paper, rede reúne 120 revistas com essas características em quase 40 países ao redor do mundo.

A HBA pode ser adquirida diretamente das mãos dos beneficiários/as ambulantes por cerca de US$ 250. Desse valor, eles recebem 70% do preço de capa. A assinatura da edição digital custa US$ 250 por mês e é acessada pelo Instagram (@hechoensasempresasocial) do projeto.

Projeto social Ocas”: uma luta contra a invisibilidade social

Revista Ocas -possibilitando inclusão social e econômica para familias em situação de vulnerabilidade

No Brasil, o projeto Ocas faz circular a revista em São Paulo e Rio de Janeiro.

A “Ocas” foi criada em 2002, inspirada na The Big Issue, da Inglaterra, a “Ocas” e foi a primeira publicação de rua (street paper) a surgir no Brasil. De acorco com o site do projeto, a revista trimestral é produzida por uma equipe de profissionais, entre eles jornalistas, fotógrafos, editores e diagramadores, todos voluntários.

Com uma tiragem de 3 mil exemplares, a Ocas” publica reportagens e ensaios nacionais e internacionais sobre cultura, comportamento, política, esporte e meio ambiente, além de reservar espaço para expressão dos vendedores e abordar questões relacionadas ao tema da exclusão social.

A publicação circula pelas ruas como um instrumento de geração de renda aos vendedores da revista, que a compram por R$ 3 e a vendem pelo preço de capa, R$ 8. A diferença, R$ 5, fica com o vendedor, sem intermediários. Além disso, todos os vendedores têm idade mínima de 18 anos, recebem treinamento, assinam um código de conduta e portam crachá.

Capas da revista Ocas

Como apoiar o projeto Ocas

Atualmente, o projeto social conta com 12 vendedores fixos. “É um projeto que essencialmente busca resgatar a dignidade das pessoas em situação de vulnerabilidade social para que elas possam ter uma oportunidade de, através das vendas da revista, se reinserir no mercado de trabalho, terem uma oportunidade de recomeçar depois de terem passado por uma situação de não ter um teto para se abrigar e conseguir se reinserirem na sociedade”, destaca a jornalista e presidente da Ocas”, Adriana Salerno Cruz.

Além de comprar diretamente com os vendedores nas ruas, também é possível ter acesso ao conteúdo da Ocas” no formato PDF, por meio do site www.ocas.org.br/doareacao. Ao doar no mínimo R$ 8, você recebe a versão em PDF da edição mais atual em sua caixa de e-mail e ainda ajuda o projeto — metade do valor vai para a impressão das próximas edições e a outra para o vendedor da revista.

*Texto originalmente criado em 19/12/2012. Atualizado em 10/10/2023


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Sobre o(a) autor(a)

Psicoterapeuta, comunicadora e produtora de conteúdo para redes sociais, autodescoberta em TEA, abraçou a terapia pela palavra para somar psicanálise clínica e comunicação à missão de facilitar processos de autoconhecimento, autodescoberta e autocuidado, que resultam em formas mais saudáveis de tornarem a vida mais plena e significante.

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