É comprar, levar e usar. Mas, não tem manual?!

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Uma chuva qualquer e logo a vemos, passeando de um lado para outro, acompanhando e protegendo quem a maneja. Por seu caráter extremamente versátil e ornamental, nem precisa ser período chuvoso, a bem da verdade. A sombrinha – ou guarda-chuva – também aparece nos dias ensolarados, quando é igualmente útil. Contudo, é mesmo na estação das águas que ela resplandece e se replica. 

Tantas cores, padrões e estilos de deixar a cabeça confusa na hora de apontar apenas para uma delas. Cada cabeça, uma sombrinha, concordemos. Mas, convenhamos que cada uma tem seu próprio poder de atração. Uma estampa é sempre mais interessante que a outra. Umas, bem românticas, cheias de frufrus. Outras divertidas, exóticas. Algumas, mais sisudas, mais sombrias e até metidas a másculas (a isso, agradeça-se a um comerciante europeu de nome Jonas Hanway, que morreu no ridículo nos idos de 1786, mas conseguiu, post mortem,  tornar o acessório digno também dos senhores ingleses).

Os preços e ofertas, por sua vez, tornam o pitoresco objeto ainda mais popular. É comprar, levar e usar.

Agora, diga-me uma coisa: você já parou para pensar na falta que faz um manual de qualquer uma dessas sombrinhas? Acredito que você nunca tenha ouvido nada sobre nisso antes, porque, até onde se tem conhecimento, por sua simplicidade, trata-se de um daqueles objetos que dispensam guias de uso, certo?

Errado!

Dispensaria, se o elegante objeto for para uso exclusivamente decorativo, em ambientes internos. Caso vá para o convívio social na companhia de seu dono ou dona, se não for um manual, que tenha pelo menos um guia com o bê-á-bá da cidadania e segurança. Um pequeno capítulo, talvez, nos compêndios de etiqueta e boas maneiras (de convivência) ou uma aula especial nos cursos de defesa pessoal.

Mas, tem que ser obrigatório para todos, com exceção tão somente para a Mary Poppins, que sabe usar o acessório como ninguém. E para quem comprovar treinamento estilo revolutions dos irmãos Wachowski.

Não precisa ser algo complexo, basta que oriente seu usuário em questões bem básicas de como usar a aparentemente inofensiva sombrinha ou guarda-chuva a seu favor, porém, sem causar danos aos demais.

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MARY POPPINS (Julie Andrews, 1964) e sua sombrinha mágica

Principalmente em dias de chuvas, as pessoas parecem desligar o botão do bom senso ao abrir o guarda-chuva.  Um bom guia de uso poderia orientar, logo de primeira, para a observância preventiva da estatura do portador/a e a dos demais transeuntes em relação às extremidades do acessório, certamente, inspiradas nos shuriken – aquelas estrelas metálicas mortalmente pontiagudas atiradas pelos ninjas contra o oponente.

Aquilo, as pontinhas metálicas da sombrinha, direto no olho, certamente arranca a menina dos olhos de qualquer um!

Logo, o “mantenha distância” que está determinado para as pessoas dirigindo veículos automotores deveria ser ordem também para pessoas portando guarda-chuvas. Tal regra seria uma mistura de manual de boas maneiras com conhecimento básico de física: é lei que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço.

Não parece lógico, portanto, que essa pessoa deveria distanciar-se um pouco da outra?  Uma boa espiada à frente (acidente pode-se evitar, o que significa que todas as ações para isso são executadas no tempo “antes”) permite visualizar, em tempo real, se há espaço viável para o lindo acessório com seu usuário/a debaixo, sem pôr em risco aos demais.

E em seguida, é executar alguns passos da dancinha da chuva: sombrinha acima da cabeça da outra pessoa, se ela for mais alta ou se o espaço for ínfimo. Sombrinha para o lado (contrário), se a calçada for estreita e se acessório for chocar com outro, por estar na mesma altura.

Cabe rogar para que as pessoas não transformem guarda-chuva em projeto de captação de água de chuva. Em tempos de seca, isso pode ser muito louvável, mas, certo é ninguém fica muito feliz ao receber um jorro da água direto na cabeça.

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Gene Kelly, Cantando na Chuva, sem ferir ninguém!

Em síntese, um manual da sombrinha aconselharia mais consideração aos demais e muita flexibilidade ao seu novo proprietário. Se baixar o Gene Kelly, nem se acanhe: aproveite a chuva, cante e dance.

Aqueles que não usam guarda-chuva e desejam chegar intactos ainda que molhados, corram para ver ou rever Matrix, urgentemente! Concentrem-se nas dicas do Morpheus (Laurence Fishburne) para que Neo (Kenu Reeves) aprenda a desviar-se de bala: transitar, alerta e seguro, entre a multidão! Faça de contas que a sensual mulher de vermelha é uma inofensiva sombrinha à sua frente: fuja!

Por fim, chuva passada, guarda-chuva fechado.  Surge outro tipo de usuário que, por nunca ter lido manual algum, transforma o acessório inofensivo em perigoso objeto de perfuração. Transporta o acessório debaixo do braço, incólume, fazendo mira para vitais partes dos corpos dos demais humanos.

O que tem de elegância, tem de incômodo e de perigo, um simples guarda-chuva, se seu portador não se der ao trabalho de abrigar o básico das regras de uso da mesma, nos espaços públicos.

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Neo e as balas, em Matrix. Nós e os guarda-chuvas, na realidade.

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Sobre o(a) autor(a)

Psicoterapeuta, comunicadora e produtora de conteúdo para redes sociais, autodescoberta em TEA, abraçou a terapia pela palavra para somar psicanálise clínica e comunicação à missão de facilitar processos de autoconhecimento, autodescoberta e autocuidado, que resultam em formas mais saudáveis de tornarem a vida mais plena e significante.

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