O Que disse Freud à uma mãe de um jovem homossexual em 1935?

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No dia 29 de janeiro, o Movimento LGBT brasileiro celebra o Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais (ou Dia da Visibilidade Trans). Em alusão à data, movimentos sociais e governos realizam eventos para debater a visibilidade trans e o combate à violência contra esse segmento populacional que, dentro das identidades LGBTQIAP+, é o que carrega ainda mais estigma e preconceito, resultando em maior violência e discriminação.

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Aproveitamos o transcurso da data para resgatar uma importante ação da psicanálise para defender e mesmo proteger o direito de ser dessas pessoas. Esta ação foi, na verdade, uma carta que Sigmund Freud (médico psiquiatra e neurologista que criou a Psicanálise Clínica) enviou à uma mãe angustiada que lhe pedia socorro médico para curar seu filho da homossexualidade.

Em 19 de abril de 1935, quando a homossexualidade ainda era classificada e combatida como uma doença, Freud respondeu à carta de uma mãe de jovem homossexual.

Veja abaixo a carta escrita por Freud (e que parte do acervo do Museu da Sexologia, em Londres) e o conteúdo em português.

Vale lembrar que, dentro os avanços da sociedade civilizada, está o reconhecimento da homossexualidade (homoafetividade) como uma orientação​ e não doença, como assim esteve classificada até o recente ano de 1990, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou oficialmente a homossexualidade da lista internacional das doenças por ela classificadas.

Cara Sra. ,

Vejo pela sua carta que seu filho é homossexual. Estou muito impressionado com o fato de você não mencionar o termo ao fornecer informações sobre ele. Posso perguntar por que você o evita? A homossexualidade não é certamente nenhuma vantagem, mas não é nada do que se envergonhar, nenhum vício, nenhuma degradação; ela não pode ser classificada como uma doença; consideramos ser uma variação da função sexual, produzida por uma certa interrupção do desenvolvimento sexual.

Muitos indivíduos altamente respeitáveis de tempos antigos e modernos eram homossexuais, vários dos maiores homens entre eles. (Platão, Michelangelo, Leonardo da Vinci, etc). É uma grande injustiça perseguir a homossexualidade como crime – e crueldade também. Se você não acredita em mim, leia os livros de Havelock Ellis.

Ao perguntar-me se eu posso ajudar, você quer dizer, suponho, se posso abolir a homossexualidade e instaurar a normalidade da heterossexualidade em seu lugar. A resposta é que de maneira geral não podemos prometer resultado. Em determinados casos conseguimos despertar tendências heterossexuais reprimidas, que estão presentes em todos os homossexuais, mas na maioria dos casos não é mais possível. É uma questão da qualidade e da idade do indivíduo. O resultado do tratamento não pode ser previsto.

O que a análise pode fazer por seu filho é uma questão diferente. Se ele é infeliz, neurótico, dilacerado por conflitos, inibido em sua vida social, a análise pode trazer harmonia, paz de espírito, eficiência, quer ele siga homossexual ou se modifique. Se você se convencer de que ele deve fazer análise comigo – eu não espero que aconteça – ele terá de vir para Viena. Eu não tenho nenhuma intenção de sair daqui. No entanto, não esqueça de me dar a sua resposta.

Atenciosamente seu com os melhores votos,

Freud

P.S. Não achei difícil entender a sua letra. Espero que você não ache entender a minha escrita e o meu inglês uma tarefa mais difícil.

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Fontes:

Revista Lado A: https://revistaladoa.com.br/

Fenajufe

Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania – Governo Federal


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