A chegada da Homeopatia no Brasil

Para marcar a instauração da técnica da homeopatia no Brasil, foi criado o Dia Nacional da Homeopatia, comemorado anualmente, a cada dia 21 de novembro. A data comemorativa é uma homenagem à chegada, no país, do homeopata francês Dr. Benoit Jules Mure, em 1840, e também serve para promover os benefícios do tratamento homeopático.

Conhecido no Brasil por Bento Mure, o francês chegou no Brasil no dia de novembro de 1840, após ter sido salvo da tuberculose através do tratamento homeopático bem sucedido que recebeu do Conde Dr. Sebástien des Guidi, que por sua vez era discípulo direto do médico alemão Christian Friedrich Samuel Hahnemann, criador da homeopatia na França.

Quando se curou, o jovem passou a estudar a nova arte de curar, estudou a nova ciência que lhe salvara a vida, chegando também a matricular-se na faculdade de medicina (não existe comprovação de sua conclusão), e desembarcou no Brasil com um propósito de implantar um projeto de colonização inspirado no ideário do filósofo francês Charles Fourier (comunidades baseadas em modelos de cooperativismo integral e autossuficiente).

Embora seu projeto idealista da Colônia Industrial do Saí, em Santa Catarina, não tenha tido sucesso e continuidade, Bento Mure criou a Escola Suplementar de Medicina e Instituto Homeopático de Saí, em 1842, destinada a ensinar a homeopatia a médicos já diplomados.

Missão altruísta de difundir a Homeopatia e atender pobres e escravizados

O seguidor das ideias do filósofo Fourier e seu mestre Hahnemann, fundou também, em 1843, o Instituto Homeopático do Brasil, no Rio de Janeiro, e a Sociedade Homeopática Bahiana, Filial do Instituto Homeopático do Brasil (1847).

Tão importante quanto foi a criação do Hospital Homeopático, e uma rede de muitos outros consultórios populares, no Rio de Janeiro e Salvador. Os atendimentos nos consultórios eram gratuitos e tiveram grande aceitação pela população. Neles, os médicos homeopatas atendiam pessoas das classes sociais mais carentes e pessoas escravizadas.

No Brasil Império e escravista, o elitismo marcava a sociedade, em todos os setores, também na medicina, sendo ela um privilégio da elite. Jule Mure fez dura e atuante oposição à medicina convencional da época e suas práticas não inclusivas. Seu trabalho, de seus amigos e seguidores foi direcionado para o tratamento dos escravizados e das classes sociais menos abastadas, excluídas do direito à saúde.

Em 13 de abril de 1848, o pai da Homeopatia no Brasil regressou à Europa, casando-se com a também médica homeopata, Sophie Lemaire. E faleceu aos 48 anos, no Cairo, Egito, onde vivia com sua esposa, também homeopata e sempre praticando e ensinando a homeopatia.

Bento Mure compartilhou seus conhecimentos também na literatura, deixando diversas obras sobre a Homeopatia, dentre elas, os livros “Résumé d’Anatomie Et Physiologie”, “l’Homoeopathie Pure”, “Expérience pure sur le poison du Serpent Corail par le Dr. Mure”, “Doctrine de l’Ecole de Rio de Janeiro et pathogénésie Brésilienne”, “Materia Medica: Provings of the Principal Animal and Vegetable Poisons of the Brazilian Empire” e “Pour Servir l’Intelligence Médecin Du Peuple” (”O Médico dos Pobres ou a Homeopatia ao Alcance de Todos“), com o qual deu início à disseminação da arte de curar para todos.

O que é a Homeopatia?

A fao Bento Mure, em seu livro “O Médico dos Pobres – Homeopatia ao alcance de todos”.

A homeopatia, que completa 290 anos em solo brasileiro, é um sistema terapêutico que tem como base o princípio de que “o semelhante cura o semelhante”. Esta ciência médica considera a pessoa como um todo, levando em conta não apenas os sintomas físicos, mas também o aspecto emocional e mental.

A homeopatia um método da medicina que estimula a cura “de dentro para fora”, agindo no organismo humano como um todo e não apenas sobre os sintomas apresentados por uma doença específica.

De acordo com a Associação Médica Homeopática Brasileira, trata-se de uma uma abordagem terapêutica que promove o equilíbrio do corpo e da mente de forma natural. É uma medicina que visa tratar não apenas os sintomas, mas a causa subjacente das doenças.

É por esta razão que um tratamento homeopático é sempre individualizado. Cada pessoa recebe um tratamento e medicamento específicos, de acordo com suas características e que atendam às suas necessidades particulares.

Os remédio que a natureza nos dá

Os medicamentos homeopáticos são produzidos em farmácias de manipulação, sendo obtidos a partir de substâncias naturais, como minerais, plantas e animais.

Essas substâncias passam por um processo de diluição e dinamização, no qual são sucessivamente diluídas em água ou álcool e agitadas vigorosamente. Essa técnica é chamada de “potencialização” e acredita-se que ela aumente a energia curativa do medicamento.

Ao contrário da medicina convencional, que muitas vezes busca apenas suprimir os sintomas, a homeopatia busca estimular a capacidade de cura do organismo, promovendo o equilíbrio e a harmonia do indivíduo como um todo. Ela busca tratar a causa da doença, e não apenas os efeitos.

Muitas pessoas dão preferência aos tratamentos homeopáticos como uma alternativa aos tratamentos convencionais, principalmente por considerar que ela oferece menos efeitos colaterais, portanto, menos desequilíbrio físico e mental.

OMS já reconhece a Homeopatia como medicina complementar

A Homeopatia é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um sistema de medicina complementar. Ela é utilizada em diversos países, inclusive no Brasil, onde existe uma associação de médicos homeopatas (Associação Médica Homeopática Brasileira) que regulamenta a prática.

Os defensores da homeopatia acreditam que essa prática pode ser eficaz no tratamento de uma ampla gama de doenças, como alergias, problemas de pele, ansiedade, depressão, entre outros.

No entanto, a eficácia da homeopatia ainda é objeto de debate científico, pois seus princípios são considerados controversos pela medicina tradicional, mesmo já fazendo parte do fazer humano há quase três séculos e apresentando resultados satisfatório em suas aplicações.

A homeopatia tem se consolidado como uma opção de tratamento para aqueles que buscam uma abordagem mais holística e individualizada para a saúde.

Vale lembrar que homeopatia não é “bruxaria”, é uma ciência séria. É importante que as pessoas consultem um/a médico/a homeopata qualificado/a. Se estiver em algum tratamento convencional, é recomendado que informe sobre o uso de medicamentos homeopáticos, para que haja uma integração adequada entre os dois sistemas de tratamento.

Homeopatia não é automedicação. Lembre-se: assim como um medicamento da indústria farmácia convencional pode matar por sobredose, validade vencida, reações alérgicas, dentro outros aspectos, também os medicamentos naturais precisam ser ministrados sob orientação profissional, para evitar consequências indesejadas, maléficas e até óbitos.

Também é importante ressaltar que a Homeopatia não substitui a medicina convencional, em casos de emergência ou doenças graves.