97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas

97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas, 97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas

Dentre os fatores que geram maior grau de medo e insegurança para as mulheres brasileiras, destacam-se os assaltos, assédios sexuais e estupros. De acordo com a recente pesquisa dos institutos Locomotiva e Patrícia Galvão, de cada dez mulheres, oito revelaram medo de sofrer algum tipo de violência durante seus deslocamentos diários e se veem obrigadas a adotar algum tipo de estratégia de segurança no cotidiano.

A pesquisa apontam ainda que 74% das mulheres no Brasil já passaram por alguma situação de violência nas ruas, dentre elas, assalto, agressão física, sequestro relâmpago, estupro, importunação/assédio sexual, olhares insistentes, cantadas inconvenientes, discriminação ou racismo.

O estudo revelou também que, em grande parte dos casos e situações de violência transcorreram durante os deslocamentos das vítimas à pé, enquanto os casos de importunação e assédio sexual se deram, na sua maioria, dentro dos coletivos – considerados os meios de transporte mais inseguros, juntqmente com os metrôs e trens. 

97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas, 97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas
As adolescentes brasileiras são as que mais se sentem ameaçadas. (Imagem: Pixabay)

Mais da metade das mulheres jovens brasileiras têm medo de assédio

Denunciar e buscar ajudar às vítimas de violência contra mulheres

Violência de gênero (contra a mulher) é crime, com pena de prisão prevista em lei. Ao presenciar qualquer episódio de agressão contra mulheres, não se cale, denuncie. Você pode fazer isso por telefone (ligando 190 ou 180).Também pode procurar uma delegacia, normal ou especializada. Seu gesto de humanidade pode ajudar a salvar uma vida!

Veja como denunciar violência contra a mulher:

Por telefone:

  • ligue 190 (Polícia).
  • ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher Lei Maria da Penha).
    O Ligue 180 atende todo o território nacional e também pode ser acessado inclusive de outros países.

Presencial:

  • Procure pessoalmente uma delegacia, regular ou especializada. Acompanhe e apoie a vítima.
  • Em caso de violência contra a mulher cometida pela Polícia, procurar a Corregedoria do seu estado.

Defendendo-se como podem!

Por medo da violência que cercam as mulheres em suas rotinas cotidianas, elas estão adotando algumas “estratégias” para ter mais segurança. Assim, as entrevistadas revelaram que evitam passar por locais desertos ou escuros, evitam sair à noite, avisam pessoas próximas quando chegam ao destino de seus trajetos e compartilham a localização com pessoas de confiança. Elas estão, inclusive, vendo-se obrigadas a evitar o uso de certos tipos de roupa ou acessórios.

Tudo isso, ainda que possa aumentar um pouco o grau de segurança – o evitar um ataque imediato, representa, por si só uma forma de violência ou, no mínimo, de cerciamento dos direitos sociais dessas mulheres.

Porque o assunto é violência de gênero:

  • 97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas, 97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas

    97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas

  • 97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas, 97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas

    Leis que toda mulher precisa conhecer!

  • 97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas, 97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas

    Guia orienta como proceder no caso de assédio no ambiente acadêmico

Destacamos aqui 10 recomendações das Nações Uniddas de Moçambique para prevenir e acabar com violencia de gênero. Afinal, como bem nos lembra a organização, eliminar a violência contra as mulheres (e todos os demais tipos de violência) é, sim, assunto de todos. Aqui estão apenas dez maneiras de fazer a diferença, com segurança e impacto:

1. Ouça e acredite nos sobreviventes.

2. Ensine a próxima geração e aprenda com ela.

3. Chamada de respostas e serviços adequados ao seu propósito.

4. Entenda o consentimento.

5. Aprenda os sinais de abuso e como você pode ajudar.

6. Inicie uma conversa.

7. Seja contra a cultura do estupro.

8. Financie organizações de mulheres.

9. Responsabilizem-se mutuamente.

10. Conheça os dados e exija mais deles.


1. Ouça e acredite nos sobreviventes

Quando uma mulher conta sua história de violência, ela dá o primeiro passo para quebrar o ciclo de abuso. Cabe a todos nós dar a ela o espaço seguro de que ela precisa para falar e ser ouvida.

É importante lembrar que, ao discutir casos de violência sexual, a sobriedade, as roupas e a sexualidade da vítima são irrelevantes. O autor do crime é o único motivo da agressão e deve assumir sozinho a responsabilidade. Reclame a culpa da vítima e oponha-se à ideia de que cabe às mulheres evitar situações que possam ser vistas como “perigosas” pelos padrões tradicionais.

Os sobreviventes da violência estão se manifestando mais do que nunca, e todos têm um papel a cumprir para garantir que possam ter justiça.

Não diga: “Por que ela não foi embora?”

Diga: “Nós ouvimos você. Nós acreditamos em você. Estamos com você. ”

2. Ensine a próxima geração e aprenda com ela

Os exemplos que demos à geração mais jovem moldam a maneira como pensam sobre gênero, respeito e direitos humanos. Comece conversas sobre papéis de gênero desde o início e desafie os recursos e características tradicionais atribuídos a homens e mulheres. Aponte os estereótipos que as crianças encontram constantemente, seja na mídia, na rua ou na escola, e diga-lhes que não há problema em ser diferente. Incentive uma cultura de aceitação.

Fale sobre consentimento, autonomia corporal e responsabilidade para meninos e meninas e também ouça o que eles têm a dizer sobre sua experiência de mundo. Ao capacitar jovens ativistas com informações e educá-los sobre os direitos das mulheres, podemos construir um futuro melhor para todos.

3. Chamada de respostas e serviços adequados ao seu propósito

Serviços para sobreviventes são serviços essenciais. Isso significa que abrigos, linhas diretas, aconselhamento e todo o suporte para sobreviventes de violência de gênero precisam estar disponíveis para os necessitados, mesmo durante a pandemia do coronavírus.

Todos os anos, a campanha a 16 Dias de Ativismo clama por uma ação global unida para acabar com todas as formas de violência contra mulheres e jovens. Este ano as Nações Unidas, junto com  parceiros estão exigindo quatro ações críticas, resumidas no tema de nossa campanha 2020: FINANCIAR, RESPONDER, EVITAR, COLETAR.

Junte-se a nós no apelo aos governos para preencherem lacunas de financiamento para lidar com a violência contra mulheres e meninas, garantir que serviços essenciais para sobreviventes de violência sejam mantidos durante esta crise, implementar medidas de prevenção e investir na coleta de dados necessários para adaptar e melhorar os serviços de salvamento para mulheres e meninas.

97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas, 97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas
Foto: © Etevaldo Orlando Jack/LUARTE/2019

4. Entenda o consentimento

O consentimento dado livremente é obrigatório, todas as vezes.

Em vez de ouvir um “não”, certifique-se de que haja um “sim” ativo de todos os envolvidos. Adote um consentimento entusiástico em sua vida e fale sobre isso.

Frases como “ela estava pedindo isso” ou “meninos serão meninos” tentam confundir os limites em torno do consentimento sexual, colocando a culpa nas vítimas e isentando os perpetradores dos crimes que cometeram.

Embora aqueles que usam essas linhas possam ter entendimentos vagos de consentimento, a definição é cristalina. Quando se trata de consentimento, não há linhas borradas.

Saiba mais sobre consentimento.

5. Aprenda os sinais de abuso e como você pode ajudar

Existem muitas formas de abuso e todas elas podem ter graves efeitos físicos e emocionais. Se você está preocupado com um amigo ou uma amiga que pode estar sofrendo violência ou se sentir inseguro perto de alguém, reveja estes sinais e aprenda sobre as maneiras de ajudá-lo a encontrar segurança e apoio.

Se você acha que alguém está abusando de você, saiba que há ajuda disponível. Você não está sozinho(a). Se você gostaria de falar com um defensor treinado em uma linha de apoio, ligue para a Linha Verde 1458.

Liderada pelo Programa Mundial para a Alimentação, o UNFPA e outras agências da ONU, ministérios do governo e parceiros não governamentais apoiam a linha direta, ajudando a racionalizar os caminhos de referência, fazer gestão de casos, e a treinar operadores que administram a linha direta todos os dias da semana, sobre como responder à várias questões.

Recebendo entre 4,000 e 15,000 chamadas por mês, os operadores – metade são mulheres, e falam entre si 15 idiomas locais – recebem reclamações e fornecem aos cidadãos de Moçambique informações relacionadas à segurança alimentar, saúde, abrigo, exploração e abuso sexual, corrupção, fraude, problemas de proteção, perguntas sobre ajuda humanitária, e muito mais.

6. Inicie uma conversa

A violência contra mulheres e meninas é uma violação dos direitos humanos que se perpetua há décadas. É generalizado, mas não é inevitável, a menos que fiquemos em silêncio.

Mostre sua solidariedade com as sobreviventes e onde você está na luta pelos direitos das mulheres, organizando seu perfil de mídia social para os 16 dias de ativismo – você pode baixar banners para Facebook e Twitter aqui.

No Instagram, você pode usar o filtro facial da ONU Mulheres para espalhar a palavra e incentivar sua comunidade a fazer o mesmo.

Use #orangetheworld, #16Days e #GenerationEquality para iniciar sua própria conversa sobre violência baseada no gênero ou compartilhe parte do conteúdo de nosso pacote de mídia social.

97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas, 97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas
Legenda: Ativista da sociedade civil aumenta a conscientização sobre a violência de gênero durante uma campanha de rua.Foto: © ASCHA

7. Seja contra a cultura do estupro

A cultura do estupro é o ambiente social que permite que a violência sexual seja normalizada e justificada, alimentada pelas persistentes desigualdades de gênero e atitudes sobre gênero e sexualidade. Nomear é o primeiro passo para desmantelar a cultura do estupro.

Todos os dias temos a oportunidade de examinar nossos comportamentos e crenças em busca de preconceitos que permitem que a cultura do estupro continue. Pense em como você define masculinidade e feminilidade e como seus próprios preconceitos e estereótipos influenciam você.

Das atitudes que temos sobre as identidades de gênero às políticas que apoiamos em nossas comunidades, todos nós podemos agir para nos posicionar contra a cultura do estupro.

Aprenda mais maneiras de se posicionar contra a cultura do estupro.

8. Financie organizações de mulheres

Doe para organizações locais que empoderam as mulheres, amplificam suas vozes, apóiam sobreviventes e promovem a aceitação de todas as identidades de gênero e sexualidades.

ONU Mulheres trabalha com organizações de mulheres em todos os lugares para acabar com a violência contra as mulheres, ajudar sobreviventes e garantir direitos iguais para mulheres e meninas em todos os lugares. Doe agora em https://donate.unwomen.org/en/

9. Responsabilizem-se mutuamente

A violência pode assumir várias formas, incluindo assédio sexual no local de trabalho e em espaços públicos. Tome uma posição chamando a atenção quando você vir: vaias, comentários sexuais inapropriados e piadas sexistas nunca estão bem. Crie um ambiente mais seguro para todos, desafiando seus colegas a refletirem sobre seu próprio comportamento e se manifestando quando alguém cruza a linha ou contando com a ajuda de outras pessoas, se você não se sentir seguro.

Como sempre, ouça os sobreviventes e verifique se eles têm o apoio de que precisam.

10. Conheça os dados e exija mais deles

Para combater eficazmente a violência de gênero, precisamos entender a questão.

A coleta de dados relevantes é a chave para implementar medidas de prevenção bem-sucedidas e fornecer aos sobreviventes o apoio certo.

Como a violência baseada em gênero aumentou durante a COVID-19, as lacunas na coleta de dados sensíveis ao gênero tornaram-se mais evidentes do que nunca. Peça ao seu governo que invista na coleta de dados sobre a violência de gênero.

Descubra em data.unwomen.org como a ONU Mulheres trabalha para realizar uma mudança radical na forma como as estatísticas de gênero são usadas, criadas e promovidas.

97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas, 97% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência nas ruas
Foto: © UNICEF Moçambique/Ricardo Franco

Fonte: helvisney.cardoso@un.org


Descubra mais sobre Goeie Life

Assine para receber os posts mais recentes por e-mail.

error: