Procura-se uma abelha invasora! A recompensa: entrar para a história da ciência brasileira

abelha assassina, Procura-se uma abelha invasora! A recompensa: entrar para a história da ciência brasileira

abelha assassina, Procura-se uma abelha invasora! A recompensa: entrar para a história da ciência brasileiraEste é o mote de uma campanha iniciada por cientistas do Núcleo de Apoio a Pesquisa em Biodiversidade e Computação da USP, (NAP-BioComp), sediado na Escola Politécnica (Poli), junto a agricultores e instituições de pesquisas do Rio Grande do Sul.

O objetivo é detectar o exato momento em que a Bombus terrestris — espécie de abelha europeia — chegue ao território brasileiro pela região sudeste daquele estado. Sabe-se que a Mamangava da Cauda Branca, como é popularmente conhecida, já invadiu a Argentina e segue em direção ao Uruguai.
Sua invasão poderá resultar em riscos ambientais para a agricultura e espécies nativas. A orientação dos pesquisadores é não capturá-la, não matá-la, mas reportar seu avistamento.
A iniciativa partiu da pesquisa de doutorado do ecólogo André Luis Acosta membro do Biocomp. No estudo Bombus terrestris chegará ao Brasil: um estudo preditivo sobre a invasão potencial, o cientista desenvolveu uma série de análises computacionais que trazem um levantamento das possibilidades desta invasão.

A invasão

A pesquisa, que teve como orientador o professor Antonio Mauro Saraiva, da Poli, identifica por meio de modelos ecológicos os locais semelhantes ao habitat natural da abelha invasora. “Utilizamos lógicas e algoritmos para gerar um modelo global de suscetibilidade à invasão”, descreve.
Acosta estima que ela poderá chegar ao Brasil, a partir de locais invadidos na Argentina, entre 10 e 20 anos. “Isso se considerarmos o histórico da progressão desta abelha em países já invadidos, como o Japão e a Nova Zelândia”. Todavia, devido à falta de informações sobre importações de colônias da espécie pelo Uruguai, a Bombus terrestris já pode estar invadido áreas muito próximas ao Brasil.

Sobrevoando os Andes

A espécie Bombus terrestris é uma excelente polinizadora. Por este motivo, suas colônias são amplamente comercializadas para polinização agrícola. Na década de 1970, agricultores chilenos adquiriram colônias de Bombus terrestris para melhorar a produção de tomates em estufa, mas as abelhas escaparam do confinamento e invadiram ambientes naturais naquele país. Em 2006 foi reportado que a área de invasão na América do Sul estava se expandido rapidamente e que a espécie já havia alcançado a Argentina, cruzando, para isso, a cordilheira dos Andes.
Uma das principais características da espécie é que as abelhas, por seu grande tamanho e modo de trabalhar, conseguem transferir mais pólen entre flores do que muitas outras superando, inclusive, a Apis mellifera (abelha melífera comum), que também é uma espécie invasora europeia comumente utilizada para polinização agrícola. “Além de acumular grande quantidade de pólen sobre seus pelos, a espécie é capaz de vibrar seu abdome em alta velocidade, o que gera o aprimoramento da captura e transferência de pólen”, descreve Acosta.

altamente competitiva com nativos

Mesmo sendo uma excelente polinizadora e favorecendo plantas selvagens e agrícolas, quando invasora a Bombus terrestris é altamente competitiva com espécies nativas. “Elas começam a trabalhar mais cedo que outras abelhas, esgotando os recursos alimentares disponíveis nas flores, como o néctar, gerando impactos às espécies nativas que também dependem destes recursos para sobreviver”, explica o cientista.
“E dependendo do tipo de flor, se esta abelha não consegue acessar o néctar pela abertura natural, ela abre buracos na base da flor, gerando danos que levam a sua queda prematura”, descreve. Isso reduz a taxa de frutificação da planta e gera uma série de impactos, tanto para a própria planta como também para outras espécies.
“Além disso, a invasora poderá trazer consigo doenças e parasitas exóticos que podem contaminar plantas e outras abelhas nativas.”

Denuncie, fotografando

Além de palestras de divulgação, estão sendo distribuídos cartazes que orientam sobre o procedimento ao se avistar um indivíduo da espécie. “Importante é que ela não seja capturada ou morta”, ressalta. “Orientamos que a fotografem e nos envie a imagem e a localização para que possamos confirmar se de fato é a invasora ou outra espécie nativa; em seguida, se ela foi avistada, iremos até o local para estudá-la”.
Além da distribuição de cartazes, a iniciativa mantém um site para divulgação e comunicação de avistamentos: www.abelhaprocurada.com.br.
Fonte: Agência USP

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